Os presidentes da Itaipu Binacional, Jorge Samel, e da Copel Distribuição, Vlademir Daleffe, participaram na última terça feira (17.03), de um debate sobre os impactos dos recentes aumentos na tarifa de energia elétrica no setor industrial. O encontro aconteceu no Campus da Indústria, em Curitiba, durante reunião de diretoria da Fiep, com a presença de empresários de diversos setores. O presidente do SIPCEP, Vilson Felipe Borgmann participou das discussões mas saiu com a mesma impressão de outras lideranças empresariais presentes: ´´Eles tentaram justificar as altas da energia mas as explicações são vagas e não apontam para uma solução. Ao contrário, sinaliza-se para novos reajustes este ano. E isso só complica ainda mais a situação das indústrias e do nosso setor de padaria e confeitaria´´ – avaliou Borgmann.
Os presidentes das duas companhias apontaram os mesmos motivos principais para os altos aumentos das tarifas: a crise hidrológica, que comprometeu os reservatórios das hidrelétricas especialmente nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, e o consequente acionamento das termoelétricas, que geram energia mais cara. Isso causou um aumento de custos para as distribuidoras de energia, que tiveram que repassá-lo aos consumidores. E também fizeram com que o governo federal aplicasse recursos para socorrer as empresas em dificuldade. Porém, os dois divergiram em relação ao cenário no futuro.
“No curto prazo, a expectativa infelizmente não é de redução tarifária, pelo contrário, tende a continuar aumentando”, declarou Vlademir Daleffe, da Copel Distribuição. “Primeiro porque o governo federal injetou muito recurso no setor para poder manter minimamente as empresas em condições de operar. Esse recurso terá que retornar ao Tesouro e esse retorno será com aumento tarifário. A questão hidrológica no Brasil também não é muito interessante. Aqui no Sul tem chovido mais, mas não é suficiente para poder socorrer o sistema nacional, que é integrado”, acrescentou.
Já Jorge Samek, da Itaipu Nacional, maior geradora de energia do país, mostrou-se mais otimista principalmente pela possibilidade de recuperação dos reservatórios.
“Tivemos no ano de 2014 o pior regime hidrológico de toda a nossa história, são 81 anos de medição”, disse. Segundo ele, os meses de fevereiro e março deste ano já apresentaram melhoras no quadro. “E vendo todos os serviços de meteorologia que acompanhamos, provavelmente teremos um mês de abril bastante chuvoso. Se isso acontecer, haverá um restabelecimento dos reservatórios. Grande parte de nossa caixa d’água está no Sudeste e no Centro-Oeste. Se recuperarmos ali, vamos ter um ano bem normalizado de novo, podendo voltar a ter tarifas históricas que sempre se praticaram no Brasil. Isso tudo que tivemos de impacto para cima, temos a perspectiva óbvia de poder rebaixar”, afirmou.
O presidente do Sistema Fiep, Edson Campagnolo, afirmou que o objetivo do debate era justamente levar mais subsídios aos industriais paranaenses sobre o panorama do setor energético brasileiro. “Este é um tema que tem afetado sobremaneira o setor produtivo brasileiro e aqui no Paraná não é diferente. Trouxemos os representantes dos dois entes maiores de nosso Estado nessa área para termos mais informações e esclarecimentos sobre os aumentos da tarifa”, disse.
Um levantamento do Departamento Econômico da Fiep mostra que desde junho de 2014, quando foi aplicado o último reajuste regular da Copel, o peso da energia elétrica sobre os custos totais das indústrias do Estado simplesmente dobrou. No início deste ano, outros dois aumentos extraordinários foram aplicados. Enquanto no primeiro semestre do ano passado a eletricidade representava em média 1,4% do total das despesas da indústria, levando em conta 24 segmentos, hoje esse percentual é de 2,79%. “Esse é um peso muito grande nas planilhas de custos das empresas, o que tira a nossa competitividade, criando dificuldades inclusive no mercado interno, principalmente na concorrência com produtos importados”, destacou Campagnolo.