Com quatro palestras em sequência, o I Fórum de Panificação do SIPCEP, realizado nesta terça feira (18.04), no Expotrade Pinhais, empolgou os participantes de Curitiba e interior do Estado presentes. Os palestrantes José Roberto Barcelos e Sérgio Camargo, ambos gerentes de verificação metrológica do Instituto de Pesos e Medidas do Paraná – IPEM, abriram os trabalhos com alerta aos panificadores das normas do Inmetro a serem seguidas na revenda. Com enfoques diferentes, o mestre pâtisserie e boulangerie, Javier Vara, e o presidente do Instituto Tecnológico Márcio Rodrigues chamaram a atenção para a necessidade dos empresários apostarem em qualidade e identidade dos produtos nas padarias e confeitarias.

O evento foi aberto pelo presidente do SIPCEP, Vilson Felipe Borgmann que deu as boas vindas aos participantes, incluindo presidentes de Sindicatos e panificadores do interior do Estado. “Esse é o primeiro de muitos que ainda teremos, e estamos satisfeitos com a presença de vocês, que aqui vieram em busca de saber e conhecimento” – disse. Ele também fez um curto balanço das ações do Sindicato destacando a Central de Compras que está sendo implantada. “Vamos poder comprar com preço menor e mais competitividade e com isso aumentar o nosso lucro” – enfatizou.

Proprietário de uma das mais antigas padarias de Curitiba, a Padaria América, Eduardo Henrique Engelhardt, considerou que “a informação é a base para o sucesso. Por mais experiência a gente nunca sabe tudo. O Javier é um mestre. E o Márcio sempre traz muitos dados e visão ampla. Excelente” – elogiou.  Supervisor de uma rede de dez panificadoras em Francisco Beltrão, Celso João Rodrigues disse que valeu a pena ter participado do Fórum: “A gente vem em busca de novidade e atualizar conhecimento. Nesse sentido achei muito boas as palestras”- opinou. Esta é também a opinião da gerente geral da confeitaria Requinte, em Curitiba, Maristela Spengle. “Gostei muito porque foi direcionado à panificação, foi uma idéia muito boa porque fala aquilo que interessa ao setor” – afirmou.

NORMAS DE REVENDA – O primeiro palestrante da manhã, o gerente de verificação do IPEM, José Roberto Barcelos, apresentou a legislação em vigor do Inmetro que normatiza pesos e medidas para venda de alimentos. “É fundamental ter instrumentos adequados dentro da padaria para pesar os produtos. O Inmetro é tão rigoroso que existem oficinas especializadas para conserto de uma simples balança” – avisou, destacando a necessidade de manutenção dos instrumentos. “O consumidor tem que comprar o produto líquido não a embalagem” – disse o gerente ao detalhar as normas para venda de produtos a peso. “Não esperem que o IPEM reprove o instrumento. Isso dá custo a vocês, com cobrança de taxas e multas. A nossa função é orientar e não multar” – esclareceu. Os conceitos para os chamados pré-medidos e pré-embalados foram complementados pelo gerente de verificação metrológica, Sérgio Camargo, que falou em seguida.

VOLTA ÀS ORIGENS – O mestre boulanger espanhol, Javier Vara, 40 anos de padaria, foi o terceiro palestrante do Fórum. Defensor da produção artesanal de pães, e da valorização da figura do padeiro, ele apresentou conceitos do que considera um pão de qualidade, a começar pela semente e cultivo do trigo. “O futuro do pão está na origem, na qualidade da matéria prima agregada hoje à tecnologia” – disse o mestre.

“O padeiro não pode ser alguém que não tem cultura e não teve outra opção na vida. É um ofício e dos mais importantes” – destacou Javier, que também defende a técnica de fermentação longa com mínimo de 18 horas de processo para a fabricação do pão. “Menos que isso não será um pão saudável” – enfatizou. Ele também recomendou aos panificadores que tenham o máximo de produtos de fabricação própria, dando o exemplo de padarias na Europa que fabricam até mesmo as bebidas que revendem.

Com platéia atenta a cada palavra, a palestra do presidente do ITPC, Márcio Rodrigues, diversificou sua apresentação com vídeos e resultados de estudos que apontam caminhos para aumentar a produtividade e a competitividade. Alguns estudos apontaram que as empresas que conseguiram, mesmo em tempo de crise, manter ou alavancar as vendas foram as que apresentaram qualidade nos seus produtos – indicou Rodrigues. Ele citou a alta competitividade de lojas especializadas como um estímulo para as panificadoras melhorarem suas ofertas no balcão. “Se nós queremos ser vistos como especialistas temos que entender do negócio e não deixar na mão da produção” – recomendou. O consultor deu vários exemplos de padarias que, mesmo ao lado de locais que vendem produtos mais baratos, conseguem manter a clientela e ter lucro. ”Se perco meu cliente por preço não estou tendo um diferencial para oferecer” – disse. Márcio Rodrigues apontou ao panificador conceitos semelhantes aos de Javier Vara. “Seu produto tem que ter uma assinatura, uma identidade. É isso que vai gerar confiança e credibilidade junto ao seu cliente.”

MERCOSUPER – O I Fórum de Panificação aconteceu no primeiro dia da Mercosuper – 36ª Feira e Convenção Paranaense de Supermercados. A Feira, que figura entre as melhores de varejo do país no ramo de alimentação, foi aberta às 15h30, com presença do governador do Paraná, Beto Richa, do presidente da Associação Paranaense de Supermercados, Pedro Joanir Zonta e diversas autoridades, entre as quais o presidente do SIPCEP, Vilson Felipe Borgmann, que ocupou posição na mesa de honra da solenidade.